sexta-feira, 27 de abril de 2018

Falsidade

Olá, Pessoal!
Deixo-vos aqui o meu quarto texto para o Desafio dos Sete Pecados Capitais: a Vaidade.

AVISO: Esta é a quarta parte de uma série de sete pequenos textos.

Falsidade

Laura voltou para casa após mais um dia de aula. Não era rapariga de usar maquilhagem, mas viu-se a olhar para os pequenos objectos que ela deixava ao pó todos os anos.
Teria que fazer alguma coisa! E, sim, era o melhor a fazer.
Laura estava prestes a mudar o seu destino e achava que, para se sentir superior, nada era melhor do que mudar um pouco todo o seu eu.
No dia seguinte, olhou-se ao espelho da sua casa de banho e observou o seu novo corte de cabelo e a maquilhagem que tinha feito em si mesma. Estava diferente, não havia dúvida! Mas a reação das pessoas continuava a deixá-la nervosa. Será que as pessoas iriam gostar? Será que o Rafael iria gostar? Será que algo mudaria na sua vida?
Talvez, ao tornar-se mais feminina, iria revelar ao colega um lado mais apetecível para ele: o de mulher e não de amiga.
Foi até à casa de banho acabando de se vestir, já que apenas estava de roupa interior. Ao ver a sua roupa reparou que uma peça não estava com ela. Quando se virou para voltar para o seu quarto, viu o colega à porta da casa de banho.
– Rafael? O que fazes aqui? – Perguntou ela, assustada.
Ele parecia um pouco incomodado por vê-la apenas de sutiã e cuecas.
– A tua mãe abriu-me a porta. Os testes vão começar e então eu queria já marcar os nossos dias de estudo, que é o que, aliás, fazemos todos os anos.
Laura achou estranha a atitude do amigo. Estava a afastar os olhos dela?
– O que se passa contigo?
– Nada. – Ela teve a certeza que ele estava a mentir.
– Eu cortei o cabelo.
– Percebi. E também vi que te maquilhaste. Fizeste isso tudo ontem depois das aulas?
Ela afirmou com a cabeça.
– Acho que deves vestir-te. Eu vou esperar por ti no teu quarto. – Disse ele.
O Rafael dirigiu-se para o quarto da amiga e Laura apenas foi atrás dele com um ar surpreendido. Ele nem sequer olhou para ela uma única vez. Pelo menos, apenas olhou para o rosto.
– A sério, Rafael? – Laura não estava a acreditar na atitude do amigo. 
– A sério o quê? – ele estava já sentado na cadeira do quarto dela.
– Eu estou em roupa interior. 
– E? Pretendes ficar assim? Vamos ter aula. Despacha-te que eu não quero ir sozinho! 
Laura cruzou os braços, chateada. Decidiu atirar o seu último "trunfo".
– Se eu fosse uma outra qualquer já olhavas para o meu corpo.
Nesse momento o olhar do Rafael, que estava pousado sobre o chão do quarto, subiu para o rosto de Laura. Deveria sentir-se chateado, mas mostrava-se sereno.
– Tu não és as raparigas com quem durmo.
Laura pareceu sorrir.
Regressou à casa de banho deixando o amigo no quarto à espera. Alguns minutos passaram. Laura saiu da casa de banho já pronta para sair de casa.
Ambos caminharam até à faculdade.
Tal como ela previa, todos os colegas olharam para ela enquanto ela se pavoneava pelos corredores da faculdade com o seu salto alto, corte de cabelo novo e maquilhagem que já não era usada há anos.
Porém... Laura não era ela mesma. Era tudo uma falsidade, um resultado da sua vaidade, um resultado do seu egoísmo, um resultado da sua inveja, um resultado dos seus pecados.

E este é o último pecado capital postado por hoje.
Amanhã teremos mais dois pecados capitais.

Espero que tenham gostado!

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