Capítulo 4
Não. Eu tinha atirado no segurança. O tiro era meu. Sinceramente, o que eu estava a fazer a salvar a vida da "G". Ela é a maior assassina de hoje.
Ela saiu da casa e olhou para mim.
– Pode sair daí. – Disse ela, séria.
– Que tal um "obrigada por salvares a minha vida" ou "que fazes aqui?"
– Eu sei que estás a seguir-me desde que saí da festa. - Falou ela, deixando o afastamento ao tratar-me pela primeira pessoa.
– A sério? Então tu tens uma câmara em casa?
– Sim. Vi tudo. – Disse ela, encaminhando-se para o seu carro.
– Podemos conversar? – Perguntei eu a segui-la.
– Achas que eu sou idiota a ponto de ficar aqui a falar contigo? Depressa a polícia aparece aí e eu não vou de certeza ser presa. – Disse-me ela, enquanto continuava a andar.
– Não estava a falar de conversarmos aqui. – Eu ainda a seguia, mas, sinceramente, confesso, que estava a ser complicado – Posso ir para a tua casa?
Vi que ela parou subitamente e virou-se para mim.
– Acompanha-me. – Disse ela – Se conseguires.
Entrámos os dois dentro dos nossos carros e ela encaminhou-me para a casa dela. Ela saiu primeiro do seu carro e esperou que eu saísse do meu.
– Apresento a minha casa! – Disse ela, a sorrir – Mas acho que já a conheces.
Ela abriu o portão e nós entrámos. Decidi sentar-me no sofá. Ela atirou a mala para cima de uma mesa que estava perto do local onde me tinha acabado de sentar.
– Há quanto tempo trabalhas assim? – Perguntei. Ela percebeu o que eu quis dizer.
– Algum tempo.
– Como consegues chegar a casa dessa maneira? Nessa tranquilidade. Mataste quatro pessoas só hoje.
– Tu mataste uma, não podes julgar-me! - Ela fez uma pausa – Queres algo para beber?
Percebi que ela queria mudar o rumo da conversa, mas eu não deixei. Não respondi à pergunta dela.
– Mas tu fazes isso todos os dias. Como é que consegues dormir sem teres um peso na consciência? Não deves dormir tranquila.
Ela olhou para mim zangada.
– Vai-te embora da minha casa! – Ordenou-me ela.
Já estraguei tudo.
– Gabriela, eu não queria...
– Acabou! Vai-te embora, antes que perca a cabeça.
– Podes pelo menos passar-me o teu número? – Era um perfeito idiota ao fazer uma pergunta destas numa altura destas, mas enfim...
Ela pegou num bloco pequeno de notas que estava na mesa onde tinha colocado a mala e pegou numa caneta que estava em cima do bloco e escreveu o seu número. Em segundos entregou-me.
– Adeus. – Disse ela, empurrando-me para fora de casa dela.
Antes de sair certifiquei-me se o número que ela me deu era verdadeiro. Mesmo dela. Era verdade. Ela olhou para mim séria e empurrou-me.
– Fora! – Exclamou ela, fechando a porta de casa.
Entrei no meu carro e liguei para o Guilherme. Tinha novidades. Informei-o que ia para casa dele. Cheguei ao apartamento do meu colega e estacionei em frente à casa. Sai do carro e encaminhei-me para o apartamento. Ele abriu-me a porta.
– Então? O que descobriste? – Perguntou-me, interessado, o Guilherme.
Sentei-me com ele no sofá.
– O nome dela é Gabriela Sousa. Ela é muito profissional e habilidosa. Consegui o número de telefone dela, mas isso fica entre nós por enquanto. Tenho que conseguir primeiro a confiança dela. Vou ligar para ela e marcar um encontro para amanhã.
Peguei no meu telemóvel, que estava nas calças, e comecei a escrever o número. O Guilherme, nessa altura, fala:
– Vais falar agora para ela?
– Sim. Quanto mais depressa fizermos isto mais depressa somos promovidos.
– Claro. Sim. Óbvio. Vai. Liga-lhe. – Disse ele, a massajar a testa.
Liguei para a Gabriela.
– Estou? – A voz não parecia ser a da Gabriela, embora ser a de uma mulher.
– Posso falar com a Gabriela?
– Posso saber quem fala?
– Sim... Bruno Soares.
– Ok. Vou chamá-la.
Ouvi a mulher a gritar o nome da Gabriela. Uns segundos depois a Gabriela atende-me.
– Bruno? Não acabámos de nos ver?
– Sim, mas tenho uma coisa para falar contigo e queria saber se podemos nos encontrar num lugar tranquilo.
– Amanhã eu tenho que ir ao ginásio, mas eu posso te passar a morada e vemo-nos lá às 15:00. Pode ser?
– Sim.
– Que bom. – Mas ela não soava muito contente.
Ela passou-me a morada e despedimo-nos. O Guilherme, logo de seguida, falou para mim.
– Conseguiste?
– Claro. Já viste alguma mulher a resistir aos meus encantos?
O Guilherme riu.
– Claro. Todas.
Eu dei um encontrão ao braço dele.
– Ela tem uma quadrilha que deve trabalhar para ela. Apanha os outros. Eles devem ser menos perigosos que a Gabriela deves dar conta deles, certo?
– Claro, Bruno, não sou estúpido. Eu apanho-os a todos, mas começo pelas mulheres. Elas são muito mais fáceis.
O Bruno mandou um pequeno riso, começando a ser irónico.
– Sim, claro. A Gabriela é mulher e, mesmo assim, não é fácil.
Fim do Capítulo 4.