segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Capítulo 7

(Observação da autora no dia 06/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "História de uma Adolescente - Parte II". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 7

Nessa noite, a Carla pôs-se diante do espelho de corpo inteiro que estava no seu quarto. Naquele dia não conseguia tocar nem cantar, não tinha cabeça para treinar para o concurso de música adolescente. Ela ficou apenas a olhar com um ar triste para o seu próprio reflexo. Depois de quase uma hora de experiências, tinha de encarar a dura e bruta realidade. Não havia maneira de ir bonita sem parecer reles. O vestido azul bonito parecia muito simples e ninguém iria perceber que ela queria ser cantora no futuro.
– Isto é ridículo, tenho coisas mais importantes com que me preocupar do que com um ridículo festival! – Disse ela.
Mas depois lembrou-se que seria a mais mal vestida da festa. E voltou a pensar no traje a levar.

Dias mais tarde, a tensão estava alta na sala onde decorria a aula de preparação para os exames. A Raquel tentou mostrar-se confiante quando começou a entregar os testes de anos anteriores para treino que os alunos já tinham feito à alguns dias atrás.
– Lembrem-se que este foi apenas o vosso primeiro teste de treino. Vamos fazer muitos mais até ao último dia. – Disse ela.
– Isso é uma maneira de dizeres que os resultados estão péssimos? – Perguntou o João, pousando em seguida a cabeça na mesa, triste.
– Não, nada disso! – Apressou-se a Raquel a dizer – Alguns resultados até foram altos.
– Que resultados? Qual foi o resultado mais alto? – Perguntou rapidamente a Patrícia.
– Isso não tem importância! – Exclamou a Raquel, sendo justa.
– Isso quer dizer que alguns foram péssimos! Estou tramado! Vou chumbar de certeza! Nunca me dei bem com exames. Fico tão nervoso que as palavras não saem, sinto-me mal e não consigo respirar e...
– Luísa, vê lá se calas o teu namorado! Só há lugar para uma “Drama Queen” na nossa família! – Atirou a Patrícia para a irmã.
– Eu dou-te a rainha do drama! – Exclamou a Luísa e, virando-se para o namorado – Por favor, acalma-te João!
Todos tiveram de fazer um esforço para não se rirem.
– E qual foi o resultado mais baixo? – Perguntou a Patrícia, virando-se de novo para a Raquel.
– Acho que isso também não tem importância. – Respondeu a Raquel, sendo justa novamente.
– Discordo. Essa informação é valiosa para o nosso sucesso. E podias também ver a média que esse exame teve e fazer comparação com os nossos resultados.
A Raquel ficou apenas a olhar para ela, boquiaberta. Como é que ela era capaz de dizer uma coisa daquelas?!
– Não tenho tempo para isso. – Limitou-se a dizer – O mais importante é cada um estudar e tirar o seu melhor.
– Discordo novamente. O mais importante é conseguir ter a nota mais alta.
Todos ficaram calados ao ouvir aquela resposta da Patrícia. Até que o Luís decidiu quebrar o silêncio.
– Patrícia, o que eu entendo é que tu tens os teus valores muito abaixo da média. – Murmurou ele.
A Raquel olhou para o Luís, repreendendo-o do que acabou de falar e continuou a entregar os exames. Assim que a Patrícia recebeu o teste, sorriu.
– Está melhor que aqueles que fiz. Mas ainda não é suficiente. – Disse ela, voltando o seu olhar de novo para o seu caderno.
O João espreitou para o exame da Patrícia.
– 18,5? Deves ser uma génio! – Ele parecia escandalizado.
– É provável, sim. De certeza. – Concordou ela, não dando atenção a ele. Continuou a olhar para o seu caderno, mas por momentos lembrou-se de algo e levantou o olhar para a Raquel – E se formasses um grupo mais avançado? Com alunos mais... – Pensou bem na palavra – inteligentes?
– Aqui somos todos por igual, Patrícia. Estamos aqui a ajudarmo-nos uns aos outros. Se achas que já és boa na matéria podias me ajudar a dar um bracinho de ajuda aos que estão com mais dificuldades. – Explicou a Raquel. Embora a voz dela suasse calma, por dentro estava a fumegar de raiva.
– Acho que vou ter que passar mais tempo a estudar sozinha. – Respondeu a Patrícia, revirando os olhos ao ouvir o que a Raquel lhe disse.
– Nem todos os génios tinham grandes notas na escola. – Atirou a Raquel, entregando o exame ao João.
– Eu sabia! Durante o exame estava muito nervoso. É sempre a mesma coisa!
– Estar nervoso não serve para nada! – Disse-lhe a Patrícia – Acontece que há pessoas inteligentes e outras não.
A Raquel ficou parada perto da mesa do professor a olhar para a Patrícia. A irmã gémea da Luísa irritava-a severamente. Ainda há pouco tempo ajudava o João a estudar a segunda guerra mundial, após terem treinado mais um pouco para Shakespeare. Bem se viu o quanto ele se esforçava por estudar e perceber a matéria. História não era o seu forte. Até lhe agradeceu por ter tido um 12,6 no último teste. Não ia deixar uma idiota como a Patrícia destruir tudo o que ele conseguiu concretizar. Nem ele nem os restantes colegas, principalmente a Marta.
– Acho ridículo o que acabaste de dizer. Existem pessoas que estudam mais, mesmo que já saibam a matéria, e acabam por aprender muito mais. – Disse ela.
– É como no teatro. Podemos já saber o nosso papel, mas se treinarmos de novo e pesquisarmos mais sobre a personagem em questão, aprende-se muito mais. – Concordou a Luísa.
A Patrícia olhou séria para a irmã.
– Continuem a acreditar nisso! Eu, felizmente, sou inteligente e trabalho muito.
A Luísa olhou para o seu relógio de pulso.
– Bem... não tenho paciência para isto! Vou ensaiar o Shakespeare. – Disse ela, levantando-se da cadeira e colocando a mochila no ombro.
– Vais-te embora?! – Perguntou o Luís.
– Claro, - Disse ela virando-se para ele – Não tenho paciência para ouvir estas coisas. O teatro em primeiro lugar! – E, virando-se para a Raquel – Desculpa.
– Ok. – Foi o que apenas a Raquel respondeu.
Se fosse uma boa explicadora, convenceria a Luísa a ficar, mas como não o é...

Nesse momento, o director Diogo e padrasto da Marta aparece na porta.
– Como está a correr? – Perguntou ele – Estão bem encaminhados?
– Eu ia-me encaminhar para fora da porta. Tenho que ensaiar. – Disse a Luísa.
– Espere menina Luísa! Vai embora da aula de preparação para os exames?
– Sim. Vou-me embora de vez.
– Só fazes é bem! – Murmurou a Patrícia.
A Raquel apressou-se a explicar fazendo de conta que não ouviu o que a irmã gémea da Luísa disse.
– A Luísa tem um problema com os horários.
– Vou ter que sair. – Disse a Luísa.
O director viu a folha do exame da Luísa e pediu-lhe para ver. Ela deu ao director, contrariada.
– 8,5? Não achas que é baixo?
– Isso não contribui em nada para o meu futuro. – Respondeu ela.
– Contribui e demais! – Exclamou a irmã gémea dela.
A Luísa olhou para trás, para a irmã. De seguida, afastou-se do director e saiu da sala.
– Raquel, posso falar contigo lá fora por um instante? – E virando-se para os restantes alunos – Continuem a estudar, voltamos já!
A Raquel começou a respirar fundo. Não era bom sinal quando o director a mandava falar a sós com ele.
– Não podes deixar a Luísa sair das aulas de preparação para os exames. Viste a nota que ela teve neste primeiro exame escrito?
– Eu sei, mas as aulas não são obrigatórias.
– Tenho confiança que tu vais conseguir convencê-la a regressar. Ela mostra ser uma grande aluna, mas está sempre a pensar no teatro e no seu futuro e isso faz ela baixar a nota. Confio em ti para fazeres esse trabalho!
– Obrigada, director. – Foi o mínimo que a Raquel pôde dizer.


Fim do Capítulo 7.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Capítulo 6

(Observação da autora no dia 06/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "História de uma Adolescente - Parte II". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 6

A Carla estava com o Ricardo, após as aulas. Os dois foram comer uma pizza. Tinham falado sobre as aulas de preparação para os exames e concordado que mal podiam esperar para fazer o exame para terminar toda aquela angústia. Tinham falado também sobre o espectáculo do Romeu e Julieta, onde a Raquel e o João seriam os protagonistas, e decidido que teriam que começar a ensaiar os seus papéis. A Carla sabia que, mesmo com a boa conversa, o namorado não estava muito bem. Parecia preocupado.
– Estás preocupado? – Decidiu perguntar-lhe. Ele afirmou com a cabeça.
– Os meus pais disseram-me que receberam uma chamada. Posso entrar numa empresa. Não me devia preocupar já que sempre quis ser modelo mas... agora que estou no último ano de secundário, o futuro parece muito mais perto do que antes. Não sei o que fazer.
– Ainda temos algum tempo para decidir isso.
– Algum... mas o tempo tem-se esgotado aos poucos. Vou ter que escolher alguma coisa.
– Mas seguir a moda não era o que querias?
– Mas isso pode terminar. Não vou ser modelo toda a vida!
– Entendo... Então, estás a pensar vestir o quê no dia da festa?
– Não sei. Talvez opte por um smoking, um pouco diferente do Luís, já que ele sabe que vai ser advogado num futuro próximo.
– Se isso te faz sentir melhor, ainda não consegui arranjar uma boa roupa para levar, e isso começa também a deixar-me preocupada.
– As pessoas dizem que devemos concentrar-nos naquilo que gostamos, mas se só me centrar na moda não vou ter grande coisa. Se calhar, o melhor é arranjar um emprego bem pago.
A Carla respirou fundo. Como é que havia de conseguir ajudar o namorado se ela também estava preocupada com o seu próprio futuro? Que roupa iria levar na festa?
– Não sei, Ricardo. Desculpa. – Disse ela, pegando nas suas coisas e levantando-se da cadeira. – Se calhar, o melhor é ires marcar um dia com a psicóloga da escola. Eu não sou uma boa ajuda! Até amanhã.
E dizendo isto, despediu-se do namorado.

No dia seguinte, o Luís, o Ricardo e o João estavam no bar da escola a tomar o pequeno-almoço.
– Posso sentar-me ao pé de vocês? – Perguntou a Carla, interrompendo a conversa deles.
Estava de pé junto da mesa deles, com o tabuleiro do pequeno-almoço nas mãos.
– Claro. – Disse o Ricardo, prontamente.
Todos lhe saudaram. Nesse momento, vêem a Luísa a chegar também.
– Olá! – Disse ela, num tom de voz alegre – Preparados para o festival?
O Ricardo teve de se conter para não suspirar. Será que ninguém conseguia falar de mais nada a não ser daquele festival ridículo?
O Luís respondeu à Luísa.
– Podes ter a certeza que sim. Já tenho o smoking!
– Pois… – A voz da Luísa esmoreceu – Eu já contei à Carla o meu problema e preciso de ajuda, rapazes! – Disse ela, sentando-se ao lado deles.
– Ajuda para quê? – Perguntou o Ricardo – Parece que tens o teu futuro delineado.
– Sei que quero seguir representação, mas queria ir para hotelaria e turismo porque viver apenas da representação é um tiro no escuro. – Respondeu ela, num tom dramático – Preciso de conselhos. Tenho várias ideias para roupa e são todas tão boas que não sei qual delas hei-de escolher!
– Bom... em que é que pensaste? – Perguntou o João.
– Primeiro, lembrei-me de ir vestida de actriz famosa. – Explicou a Luísa – Tenho até um troféu que pode muito bem parecer um Óscar. Depois pensei em ir vestida de hospedeira de bordo. E fico-me por aqui.
– Desculpa dizer-te, mas... e que tal se fores vestida de mimo? – Perguntou o namorado, tentando ser engraçado.
– João, existem sempre pessoas com opções de carreira limitadas! O que não é o meu caso. – Atirou ela.
– Isso são muitas opções de escolha, Luísa! – Disse ele, tornando-se sério.
– Por isso é que eu pedi uma opinião, João! – Exclamou a Luísa, respirando fundo – Que fato devo levar?
– O de actriz famosa. – Respondeu o Luís – É o que parece o mais acertado.
O Ricardo e o João acenaram com a cabeça.
– Os teus trajes vão sair horrendos! – Exclamou uma voz, atrás da Luísa. Era a Marta a aproximar-se deles com o seu tabuleiro. A Luísa mostrou-se ofendida.
– Tu tens que os ver!
– Não preciso de ver. As ideias são muito boas, mas os trajes não. Originalidade precisa-se!
A Luísa cruzou os braços.
– Qual é a tua ideia?
– Agora não tenho tempo para te ajudar. A tua irmã já me dá problemas que cheguem!
– O que é que aconteceu? – Inquiriu o Luís.
– Eu pedi ajuda a ela para ser a minha modelo. Tudo o que preparasse seria para ela. Mas a Patrícia tem ideias muito escandalosas.
A Luísa riu.
– Quem te deu a ideia da minha irmã ser a tua modelo?
– A Raquel. Originalmente tinha pedido ajuda a ela.
– Mas ela está a treinar para o Shakespeare. – Contou o João.
– Claro que está! – Exclamou, chateada, a namorada.
– Mas enfim... vou tentar que ela continue a ser a minha modelo. Eu já te ajudo no traje, Luísa. – Disse a Marta, respirando fundo de seguida.
A Luísa virou-se para a Carla.
– E tu, Carla? Que fato é que vais levar?
A Carla hesitou.
– Ainda não tive tempo para pensar nisso – Disse, por fim – Sei que quero qualquer coisa que tenha a ver com música, mas ainda estou a tentar decidir o que será.
– Acho bem! Seguir a carreira na música! Como vai os treinos para o concurso de música adolescente?
– Bem. Acho que a Raquel deveria aderir.
– Também acho que sim. – Concordou prontamente a Marta – Temos que obrigá-la a fazer isso!
– Bem, amigos, gostava de continuar aqui, mas tenho de sair. Vemo-nos na aula. – Disse a Luísa afastando-se deles com o seu tabuleiro.
– O mais certo é vestir qualquer coisa com ar de ter saído de Hollywood! – Exclamou o João, abanando a cabeça. A Luísa já estava bem longe e não ouviu o que ele tinha dito.
– Ela é tua namorada, devias saber. – Falou o Luís, brincalhão.
– A Luísa é um bocadinho obsessiva com isso do teatro. – Concordou o Ricardo – Mas até acho bem ela saber exactamente aquilo que quer.
– Ela não sabe o que quer, Ricardo! Ela esteve a dizer que queria seguir Hotelaria e Turismo. – Disse a Marta, e voltando-se para a Carla – Estás bem? Pareces muito calada.
– Estava só a pensar no meu traje. – Respondeu ela.
– Pois, a roupa fabulosa de cantora que vais arranjar. Tens alguma coisa?!
– Sim, tenho um vestido azul muito bonito. Estou a pensar levá-lo. – A Carla sabia que o vestido era ridículo, mas era a única solução que tinha para ir para o festival.
O João, o Luís e a Marta afastaram-se e ficaram apenas o Ricardo e a Carla.
– É verdade, não te cheguei a contar o que me disse a psicóloga da escola. – Disse ele para uma Carla pensativa.
Ela fez por sorrir e acenar, apenas. Não ouviu uma única palavra do que o namorado disse. Estava demasiado distraída a tentar imaginar como havia de ir vestida de cantora... e parecer bonita.


Fim do Capítulo 6.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Capítulo 5

(Observação da autora no dia 06/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "História de uma Adolescente - Parte II". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 5

Era dia da aula de preparação para os exames. A Raquel estava a ajudar os seus colegas. Massageou um canto da sua testa. Já se formava uma dor de cabeça.
– Vamos rever novamente esta pergunta. – Começou ela.
– Já nem sei o que escrever aqui! São quatro séculos para estudar para o exame de História. Quatro séculos! Será que o Ministério pensa que nós somos sobredotados? Quem é o aluno que estuda quatro séculos?! – Descontrolou-se a Luísa, chateada.
– Concentrem-se! – Irritou-se a Patrícia – Se se puserem com estas distracções vão acabar por chumbar no exame.
O João estava aterrorizado, já o Luís, começou a fazer rascunhos nos cantos das folhas do seu caderno, nervoso.
– Talvez seja exagerado, Patrícia. É normal estas preocupações antes do exame. – Disse a Raquel, em defesa dos amigos.
– Normal é, mas vai dar má nota de certeza. – Garantiu ela.
– Eu sei que para termos boa nota é importante manter a calma e ter pensamento positivo, mas estas preocupações existem. – Admitiu a Raquel.
– Ter pensamento positivo é para quem não está preparado. Isso não é o meu caso.
A Raquel abanou a cabeça e não respondeu à irmã gémea da amiga.
– Vá lá, isto é fácil! – Exclamou ela, num tom encorajador.
O João ficou apavorado.
– João, consulta os teus apontamentos. – Pediu a Raquel, tentando acalmar o amigo, que parecia estar à beira do pânico.
Ele pôs-se a folhear o caderno para trás e para a frente. Estava todo desorganizado, a Raquel podia até ver.
– Nada! Não consigo responder a isso!
– A resposta disso é o Marxismo. O movimento operário levou às propostas socialistas. – Respondeu a Luísa, calmamente.
A Raquel ergueu uma das sobrancelhas. Estava espantada. Não imaginava que a Luísa estivesse sequer a pensar na resposta.
– Obrigado. – Disse o João para a namorada. – Estava a desesperar!
– João, tudo bem, a minha irmã encontrou a resposta, não sei como, mas ela não vai poder dizer-te as respostas quando fores fazer o exame. E falta muito pouco para o exame. – Falou a Patrícia.
O João ficou de novo aterrorizado.
– Estou perdido! – Disse ele, quase a sussurrar.
A Raquel respirou fundo. Tornou a massagear um canto da sua testa. A sua dor de cabeça piorava. Quis pensar em qualquer coisa positiva para dizer. Infelizmente, pensava mais em encontrar um comprimido e sair dali a correr. Mas o pior de tudo, é que começava a concordar com o João. Estavam realmente perdidos!

No dia seguinte, depois das aulas, a Raquel e o João estavam a estudar a cena que iam representar, em casa da Raquel. Trabalharem juntos era realmente um tormento. A Raquel tinha se mentalizado que nunca mais iria colocar a sua cabeça no canto. O teatro seria diferente, um pouco.
Uma hora passou e eles ainda não tinham passado da primeira página. O João sempre fazia brincadeiras ou representava mal.
– João! Por favor! Eu preciso da nota. Imagina que a stora quer que esta peça seja para avaliação da disciplina? Preciso de ir com boa nota para o exame. E imagino que tu também queiras.
– Claro. Dá-me só um segundo para entrar dentro da personagem.
A Raquel respirou fundo e fechou por momentos os seus olhos. “Porquê eu como Julieta?!” – Pensou.
Quando abriu os seus olhos, viu que o João estava de novo a fazer uma brincadeira.
– João! – Repreendeu – Achas que é fácil para mim desempenhar alguma personagem? Não é! Mas eu preciso da nota. Sabes que mais? Amanhã vou falar com a professora de História e pedir-lhe para ficar com outra pessoa.
– Raquel, espera. Desculpa. Estou só nervoso, está bem? – Ele travou-a – Gostavas de ter visto a cara da Luísa quando lhe disse que vinha treinar o Romeu e Julieta.
A Raquel sorriu.
– Imagino. Ela ficou a olhar para mim. Séria.
– É a segunda vez que faço isto. A primeira tive com tanto medo do palco que desatei a correr.
– E achas que eu não tenho? Claro que eu tenho. Mas preciso da nota, João.
Nesse momento, alguém bate à porta. A Raquel vai abrir. Era a Marta.
– Olá, Raquel! Precisava de falar contigo. – Ela viu o João – Olá, João!
– Marta, eu estava a ensaiar com o João o Romeu e Julieta. – Começou a Raquel.
– Eu vou precisar de uma modelo para as minhas roupas. Estava a pensar em ti.
– Em mim? Desculpa, mas é impossível! – Respondeu ela. Depois, pensou – Mas tenta falar com a Patrícia. A irmã da Luísa pode ajudar.
– Eu pensava que ela estava muito atenta com o estudo para o exame e não me lembrei dela.
– Com certeza que ela vai te dizer que sim. Até amanhã. – Disse ela, empurrando a amiga para fora de casa. 
Ao fechar a porta, voltou a olhar para o amigo. O João riu-se.


Fim do Capítulo 5.