sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Capítulo 6

(Observação da autora no dia 01/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Uma Vida Eterna". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Atenção portugueses: Este projeto está escrito nos termos do novo acordo ortográfico.

Capítulo 6

Acordei mal. Pesadelos. Durante a manhã só pensava na saída. Mas o que será que vamos fazer? Coisa boa não era de certeza, mas eu também não iria aceitar. Espero eu. 

***

Está na hora. Fiquei à espera uns minutos na rua da casa da Marina. Vejo-os a subirem a rua à presa. Fiquei um tanto inquieta. Quando eles andam à pressa não é bom sinal, principalmente quando se trata da menina Marina. Estou a ser irónica, obviamente. A única coisa de que ela é menina é do seu nariz. Quando eles me alcançaram, a Marina agarrou-me o braço.
– Anda, nerd, vamos nos divertir.
Ela puxou-me. Por momentos perdi a minha segurança toda. Puxou-me pelo braço durante todo o caminho. Quando presto mais atenção aonde eles me estavam a levar, vejo o colégio. Eles estão loucos? Estava fechado. Estou atordoada com isto tudo.
– Onde tens a chave? – Perguntou a Marina ao Ricardo.
Eu não estou a acreditar! Ele traz a chave do colégio! Eu sabia que isto ia correr mal. Ele abre a porta e lá vou eu arrastada de novo. Se eles me vão trancar no colégio? Eu pensava que sim, mas na verdade não. Eles entram e encostam a porta. Tiram vários frascos nas malas que traziam. Não acredito! Vão grafitar! Isso dá expulsão. Gritei, mas eles não me deram ouvidos. 

***

Já passaram 30 minutos e eles ainda com isto. Sentei-me num canto, embora eu ter a certeza que seria cúmplice. Nada que eu me admirasse, a nerd paga sempre. Tudo estava “bem”, quando se ouve a buzina dos carros da polícia. Todos começaram a fugir. Eu tive uma reação tardia, mas também me levantei e comecei a sair.
– Nerd, espera por mim. – Disse o Ricardo, enquanto corria para me alcançar.
Eu tornei-me justa. Como trazia a chave comigo, só lhe disse:
– Não! Não vou esperar por ti. 
E virei-lhe as costas, tal como ele fez a muitos amigos meus do colégio.


Fim do Capítulo 6.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Capítulo 5

(Observação da autora no dia 01/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Uma Vida Eterna". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Atenção portugueses: Este projeto está escrito nos termos do novo acordo ortográfico.

Capítulo 5

Tenho tentado arranjar coragem para ir a casa da Marina. Falta apenas 5 minutos. Estou no autocarro. Se estou nervosa? Se dissesse que não estaria a mentir. É sábado. Não quero estragar o meu fim-de-semana com gente que não vale a pena. Já me basta os dias de semana. Enfim... acabei de sair do autocarro e estou a encaminhar-me para a casa dela. Respiro fundo. Dentro de segundos, vejo-me em casa dela. Todos os amigos dela estão lá. Arrepiei-me! Isto costuma ser mau sinal. Ela mandou-me sentar no sofá dela.
– Olá, nerd! Como não conseguia ficar sozinha contigo no mesmo compartimento, pedi aos meus amigos para virem.
Olhei séria para ela. Queria partir para a violência física, mas contive-me. Não me apetece sujar as minhas mãos por gentalha que não presta.
– Vamos fazer o trabalho. – Disse-lhe eu.
– Sim, temos de acabar o quanto antes. – Disse ela, cínica, como sempre.
Uma hora passou. A Marina foi buscar umas bebidas. Até correu bem. Enquanto ela andava na cozinha e os outros também, o Ricardo, que era o único que estava sentado ao meu lado, disse-me:
– Tu e a outra nerd são muito amigas.
– Sim. – Disse eu, sem olhar para ele.
– Pouca gente faz o que tu fizeste.
– Sim, imagino que pouca gente faça o que fiz, principalmente tu.
Ele ficou sério.
– A nerd merece.
Fiquei chateada.
– Então imagina seres tu a nerd. – Disse-lhe eu, olhando para ele, zangada.
Ele, que estava a olhar para mim, baixou a cabeça. Afinal não é tão insensível. Ele percebeu o que eu disse.
– Cheguei!
A voz irritante da Marina estragou mais uma vez, todos os meus pensamentos.
– Trouxe as bebidas, querida. – Disse ela, com ar enjoado.
Não precisava de me chamar de querida, se lhe dá tantos vómitos.
Sentou-se ao meu lado e passámos mais uns minutos a terminar o trabalho. O pior veio depois...
– Nerd, o que achas de amanhã à tarde sairmos para algum lado? – Perguntou-me a Marina.
– Tenho de estudar. – Respondei eu, tentando me livrar.
– Vai, os nossos testes não são nesta semana. – Disse o Ricardo.
Agora parece que foi em vão. Tenho que ir mesmo.
– Está bem.
E pronto. Está marcada a minha sentença de morte... ou talvez não.


Fim do Capítulo 5.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Capítulo 4

(Observação da autora no dia 01/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Uma Vida Eterna". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Atenção portugueses: Este projeto está escrito nos termos do novo acordo ortográfico.

Capítulo 4

A aula finalmente terminou. Deixei que as meninas doidas saíssem. A Laryssa veio ter comigo.
– Como foi?
Ela sabia que eu não simpatizava com a Marina.
– Normal.
Eu sabia que era mentira. Correu mal. Mas enfim...
– E contigo?
Podia estar curiosa? Era o Ricardo. Quem é o Ricardo? Um rebelde que se diverte batendo nos pobres e ofendendo as gordas. Não entendo! Há gente tão sem carácter.
– O Ricardo é maldoso. Não entendeu nada daquilo que eu disse, mas também já estou habituada.
Que engraçado! Ela acha que é normal, mas o que ele está a fazer é bullying.
– Estás preparada para o teste de História? – Perguntou-me.
Eu encolhi os ombros.
– Estou sempre. Já nem penso nisso.
– Eu tenho de ficar ao lado do Ricardo.
Percebi que ela estava preocupada.
– É só um teste, não tens que falar com ele.
– Ele é antipático.
Fi-la sentar-se no único banco livre do corredor. Estou cansada que ela diga estas coisas. Ela não merece sofrer desta maneira, mesmo que pense que é normal.
– O Ricardo é um idiota, não precisas de olhar para ele sempre que ele te fala. Ele próprio não olha para ti quando falas com ele. Ele pode te colocar de parte, mas tu és superior a ele.
A Laryssa olhava para mim séria.
– Obrigada, Cathie.
Eu sorri para ela. Já fiz a boa ação do dia. Estou contente comigo mesma.

***

Está na hora de almoço, depois das duas aulas anteriores (coitada da Laryssa na aula de História mal se mexia com medo, talvez, do Ricardo) está na hora de ir para o refeitório. O refeitório está composto por filas. Numa dessas filas está o grupo da Marina. Eu estava acompanhada pela Laryssa. Entro no refeitório e ouço a Marina a chamar-me. O que é que aquela idiota quer de mim? Fui ter com ela.
– Senta-te aqui. – Pediu ela, com a sua voz irritante.
Eu olhei para a Laryssa. Não a ia deixar sozinha.
– Desculpa, mas eu vou sentar-me ao lado da Laryssa.
Esqueci de mencionar que só havia uma cadeira livre na fila onde se tinham sentado.
– Nerd, senta-te! Ela senta-se atrás. – Disse o Ricardo.
Quê? Não estou a perceber. Ele nem sequer olhou para a Laryssa. Respira fundo, Catharina, não te revoltes. Ele não merece. Nem ele, nem nenhum outro idiota.
– Eu vou me sentar com a Laryssa. – Disse eu, calmamente.
Sentei-me numa outra fila com a Laryssa. Percebi que todos eles olhavam para mim, espantados, até a própria Laryssa. Eu não a iria abandonar neste momento.
– Obrigada. – Sussurrou ela para mim.
– Amigos servem para isso. – Disse eu, a sorrir.
Soube-me bem este momento. Foi agradável. Um momento agradável.


Fim do Capítulo 4.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Capítulo 3

(Observação da autora no dia 01/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Uma Vida Eterna". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

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Capítulo 3

Aula de Português para começar bem. A professora criou duplas. Os bons alunos com os alunos “razoáveis”. Sim, para a minha professora de português não há os maus alunos. Mesmo que seja a Marina e o seu grupo. Para que fique claro, eu gosto de toda a gente só não simpatizo com a Marina e com o seu grupo, excluindo, como é óbvio, o Afonso. Eu tenho um carinho por ele que... não sei, é difícil explicar. A professora está a criar as duplas e tenho de ficar com nada mais nada menos que a... Marina. Porquê ela? Antes preferia o Afonso ou as duas amigas dela: a Sílvia e a Stefanny. Este trabalho vai durar muito tempo, muito tempo mesmo.
Ela sentou-se ao meu lado com os gritinhos e assobios dos nossos outros colegas. Com a sua saiazinha bem trabalhada, a sua blusa azul linda. Que raiva tenho dela! Bem, lá vou eu trabalhar com ela. Com ela? O mais preferível é que trabalhe sozinha. Até prefiro! 
Quando soube o trabalho até ia caindo da cadeira. Camões e Eça de Queiroz? O trabalho vai sair muito bem, muito bem mesmo. Respirei fundo. 90 minutos sentada ao lado da rapariga que menos gosto da turma? É tortura! Ela olhou para mim com aquela cara de cínica.
– Como é que vamos fazer o trabalho, nerd?
Se não fosse o facto de estar dentro de uma sala de aula, eu dava-lhe um estalo agora mesmo. Costumo ser uma pessoa calma, pacífica, que não se mete em confusões, mas eu não aguento com aquela miúda. Tenho de contar até 10. Mesmo depois da minha raiva só lhe consegui dizer:
– Fazemos na minha casa ou na tua.
Ela sorriu. Sorriso cínico óbvio.
– Tudo bem. É melhor fazermos na tua casa ou... espera, pode ser na minha casa.
Ela virou-se para as amigas e para o Ricardo.
– Depois de amanhã em minha casa às 16 horas. – Disse ela.
A professora olhou para ela.
– Menina Marina? Só pode falar com a sua colega de trabalho.
– Desculpe, professora. – Disse ela, se virando para mim.
– Fica assim?
Eu apenas afirmei com a cabeça. Olhei ligeiramente para o lado. O Ricardo estava com a Laryssa. Ela a falar do trabalho e ele a não entender nada. Que insensível! Odeio estes rapazes. Pobre da Laryssa. Até a falar se torna invisível. 
Lá está a Marina a estragar-me os pensamentos. Que chata! Agora até me chama com o dedo.
Nerd, vais fazer tu o trabalho maior? É que eu não percebo nada de Camões nem de Queiroz.
Eu coloquei a mão na cabeça. Ela retorquiu logo de seguida vendo a minha reação.
– Não sei mesmo, nerd.
Será que ela nunca mais se cala com o nerd? Eu tenho nome, sou Catharina. Até se quiser pode me tratar por Cathie se preferir algo mais curto. Posso não gostar do meu nome mas é meu.
– Ok, Marina. – Disse eu, sem paciência nenhuma.
– Devias perceber, aliás és explicadora. – Continuou ela.
– Eu percebo, Marina.
Ela sorriu. Mas quantos sorrisos cínicos dela eu já contei?
– Mas tens que te ajudar.
Ela olhou para mim séria.
– Mas tu estás boa da cabeça? Eu não vou estudar, eu nunca vou estudar. Eu perco a minha reputação.
E eu perco cabeça estando contigo. Ela irrita-me! Olhei para o meu relógio de pulso. Só passaram 60 minutos. Ai! Vou sofrer.


Fim do Capítulo 3.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Capítulo 1 e Capítulo 2

(Observação da autora no dia 01/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Uma Vida Eterna". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Atenção portugueses: Este projeto está escrito nos termos do novo acordo ortográfico.

Capítulo 1

Narrado por Catharina.

Mais um dia da minha monótona vida. Já perdi a conta de quantos pesadelos tive durante esta noite. Sou uma menina normal de 17 anos a terminar o seu último ano no ensino secundário. Este é o último dia das minhas mini férias de Carnaval.
Na verdade, todos perguntam quem sou eu. Nem eu própria sei. De mim só conheço o nome. Chamo-me Catharina, mas tratem-me por Cathie. Vivo com o meu pai. A minha mãe já faleceu. Sou filha única. Calma, pacífica. Ah e esqueci de mencionar que sou nerd. Sou muito inteligente. Até estou no quadro de honra do colégio. Qual é o meu colégio? Normal. Não é muito rico, nem se paga uma fortuna para lá andar, mas é muito bom em termos de professores. Enfim...
Sentei-me direita na minha cama. Tinha perdido o sono. Olhei para o relógio despertador. 7:30. Está na minha hora de acordar. Levantei-me, vesti-me e fui para o colégio.

Capítulo 2

Atravessei o parque de estacionamento em direção à porta principal do colégio. Tenho a sensação que este ano vai ser diferente. Em vez de ficar eternamente na mente dos meus colegas como a nerd antipática, aquela queridinha dos professores neste momento iria tudo mudar. Estava disposta a mudar. Assim que entrei no colégio vejo os rapazes da equipa de futebol a conversar num canto. Às vezes apetecia-me ser uma mosca para ouvir a conversa. Tenho curiosidade. Não imagino que eles passem o tempo todo a falar de futebol. Logo de seguida vejo a Marina e as suas amigas a pavonearem-se pelo colégio. Costumavam ser sempre as últimas a chegar ao colégio mas parece que neste ano decidiram mudar. Ah, sem contar que sendo as mais populares do colégio colocavam os nerds num lado. Eram muito malvadas. Embora eu própria pensar que a única malvada no grupo seja a Marina.
Depois de ter estado a vaguear pelo colégio, decidi sentar-me no chão a ler o meu livro. Podia parecer estúpido mas trazia sempre um livro na mão. Sim, sou nerd, inteligente, o que queiram chamar.
Nesse momento, apareceu o Ricardo e o Afonso, os amigos da Marina. Um deles fez de conta que não me viu e tropeçou de propósito no meu pé. Levantei a cabeça calmamente, que até ao momento estava baixa, lendo o meu livro.
– Desculpa, não te vi. – Murmurou o Ricardo, com um sorriso maldoso.
Só sabem me chatear, principalmente esse Ricardo. Que raiva que tenho dele.
– Tudo bem. – Disse eu, séria.
Notei que o Ricardo olhou para o amigo. Devia ter pensado que eu iria reagir de outra maneira.
– Deixa estar a Catharina. – Sussurrou o Afonso ao Ricardo.
Eu até gostava do Afonso, não por amor mas por amizade. Nós não tínhamos uma grande relação mas gostava dele. Não sei é o porquê.
– Sim. Acho que é melhor não chatear a nerd. – Disse o Ricardo.
Eu a olhar para o meu livro, a fazer de conta que o lia. Estava a ouvir a conversa toda enquanto eles pensavam que eu era uma múmia. De cabeça baixa ouço e vejo os pés deles a afastarem-se. Respirei fundo. Sobrevivi a outro ataque do Ricardo. Nesse momento vejo a Laryssa a ir ter comigo. A Laryssa é fantástica. Digamos que é uma das poucas amigas que tenho no colégio. Sentou-se ao meu lado no chão gelado. Ela é inteligente quando quer e dá explicações de Biologia aos outros colegas. Ah, esqueci-me de contar: o colégio tem uma sala própria para as nerds como eu tirarem dúvidas e explicarem a matéria aos restantes colegas. Digamos que a Laryssa “trabalha” comigo.
– Olá! – Exclamou ela.
– Olá! – Disse eu, fechando o livro e olhando para ela.
– Eu vi que estavas a falar com os rebeldes.
– É. Eles não me deixam sozinha por um momento que seja.
Ela sorriu.
– Vamos sempre ser as esquecidas do colégio.
– Esquecidas e nerds
Nós abraçámo-nos. Ela é a esquecida sim. Eu sou nerd e por ser nerd as pessoas ainda vêm ter comigo para terem boa nota mas a ela é diferente. Ela ficava eternamente gravada na mente dos colegas como a rapariga que se limitava a encher espaço, a ocupar espaço, aquela que preenchia um lugar, aquela que nem sequer existe. É triste. É triste ver como há gente tão parva que põe os outros de lado como se fossem lixo. Isso revolta-me! 
Nesse momento, tocou a campainha. As aulas tinham começado. Uma nova vida iria começar.


Fim dos Capítulos 1 e 2.